Simon Bennett, o produtor executivo de Power Rangers Dino Fury e showrunner atual da franquia trouxe vários detalhes sobre os bastidores de Power Rangers da Era Neo-Saban, até os dias atuais.
Simon ingressou na equipe de Power Rangers em 2017 durante Power Rangers Ninja Steel. Seu principal trabalho era como diretor de episódios e na ocasião ele e sua equipe respondiam diretamente à Chip Lynn e alta cúpula da Saban. Atualmente em um cargo de maior responsabilidade, Bennett utilizou o fórum Rangerboard e sua conta pessoal do Twitter para esclarecer algumas informações
"Senti a necessidade de fornecer algum contexto quando minha equipe de roteiristas incrivelmente trabalhadora, atenciosa e talentosa estava sendo criticada por ultrajes anteriores de Power Rangers que estavam completamente fora de seu controle", comentou Simon em seu Twitter.
Power Rangers Ninja Steel, uma época de muitas regras
Ninja Steel, temporada de 2017 foi criticada por uma grande parcela de fãs em 2017 e em 2018. A temporada parecida mais engessada que a anterior Dino Charge e tinha uma carga pesada de humor e episódios mais contidos.
Ninja Steel, uma temporada "sufocada" pelas regras - Foto: Hasbro |
Simon comentou que as temporadas começaram a ficar mais "engessadas" e com várias regras à partir da segunda metade de Power Rangers Dino Charge. Os executivos achavam que o público alvo (4 a 6 anos na época) não conseguiriam acompanhar histórias mais complexas. Quando ele começou a trabalhar com Power Rangers ele se apaixonou por RPM (temporada de 2009), mas foi alertado que ela foi um fracasso devido ao seu tom mais "adulto".
Bennett comentou que foi "penoso" trabalhar em Power Rangers Ninja Steel. A temporada foi a introdução dele em Power Rangers (ele nunca tinha assistido nada na época), no entanto, rapidamente passou a apreciar seus desafios e público amplamente diversificado.
" Ninja Steel foi muito estranho. Foi baseado em um tema Ninja, mas a série não tinha permissão para fazer qualquer coisa Ninja - além de ser 'furtivo'. Tinha que haver pelo menos dois momentos independentes de Victor e Monty em cada episódio (a logística disso usou bem mais da metade do tempo de filmagem da Unidade Principal). Os episódios tinham que ser construídos em torno da 'Moral da semana'. Cada momento durante as lutas tinha que ser preenchido com trocadilhos (voice-over). Havia um executivo nos Estados Unidos que adorava tanto o material de peidos que eles insistiam em fazer audições em catálogos de sons de peidos para selecionar os efeitos sonoros individuais que seriam usados no programa", falou Simon.
Ele continuo dizendo que tirando as piadas de peido, Victor e Monty eram excelentes, "Caleb e Chris estão entre os atores mais inteligentes e criativos com quem trabalhei. E estou falando sério", comentou ele. "As piadas de peido foram por insistência dos executivos da Saban, não era Chip Lynn. A equipe e o elenco aqui odiava. E tiveram que atuar o que estava sendo pedido. Nós fizemos o melhor com o que material que tínhamos", antes de finalizar Bennett também comentou que o especial "Dimensões em Perigo" não foi muito bom. Provavelmente por conta dessas regras.
Beast Morphers, se libertando das amarras (ou pelo menos algumas delas)
Em 2019 os fãs foram pegos de surpresa com Power Rangers Beast Morphers, uma temporada que mesmo dentro do modelo da Saban, conseguia mostrar sinais de que a franquia estava voltando a andar nos trilhos trazendo mais conexões e elementos do universo da franquia.
Beast Morphers trouxe referências à temporadas passadas, Rangers de outros lugares do multiverso, mas ainda assim tinha que seguir algumas regras. "Era uma regra não conectar as temporadas e não sugerir que tinha continuidade. Qualquer noção de continuação histórica era ignorada", falou Simon. "Ironicamente, 'Dimensões em Perigo' deu permissão para a ligação que ocorreu em Beast Morphers. Embora elementos como o cofre da Grid Battleforce não pudesse ser explorado mais cedo na temporada. A ideia era que os jovens – o público-alvo do programa – não tivessem a capacidade reter informação de uma temporada pra outra", continuou Simon.
Beast Morphers, a temporada que tentou quebrar as regras - Foto: Hasbro |
Em Beast Morphers eles foram autorizados em mexer na mitologia de Power Rangers, mas não profundamente. "Beast Morphers era uma temporada da Hasbro, mas Haim Saban era consultor e tinha muita influência", falou Simon. Mesmo com essa liberdade em mexer em elementos da franquia, eles não puderam se aprofundar mais no episódio "Grid Connection", desenvolver a personalidade de Blaze e fazer episódios mais conectados. Segundo Simon apenas os primeiros e últimos episódios podiam ser ligados.
Chip Lynn tentou contornar algumas regras do programa, mas ainda assim os episódios tiveram que ser focados nos Rangers adolescentes, Rangers malignos não eram permitidos, cada episódio tinha que ser contido na sua própria história com o monstro do dia sendo derrotado. "Blaze e Roxy não foram escritos como Rangers. Os Rangers só podiam ser maus se estivessem sob algum tipo de feitiço, e tinham que ser 'curados' no mesmo episódio", comentou Simon que ainda falou que o fato de Blaze e Roxy serem regenerados todo episódio, era uma exigência da Saban.
Power Rangers Dino Fury, ser independente trouxe o sucesso!
Quem assistiu Power Rangers Dino Fury sentiu um frescor. Episódios mais conectados, humor diluído nos episódios e até mesmo menos batalhas de Megazords e Zords, que eram obrigatórias em todos os episódios durante a gestão da Saban. E Simon comentou que isso ajudou a franquia a sobreviver.
Lembra do que Simon falou sobre as temporadas da Neo-Saban serem mais engessadas e com pouca mitologia de Power Ranges envolvida? Dino Fury foi o exato oposto. "Esse tipo de noção desapareceu com Dino Fury, pois Haim Saban não estava mais envolvido e Chip renunciou ao controle prático", falou Bennett.
O sucesso de Dino Fury é justificável. E os heróis irão ganhar uma terceira temporada em 2023 - Foto: Hasbro |
Simon também conta que quando ele e sua equipe começaram a escrever Dino Fury ainda existiam regras pré-estabelecidas, no entanto várias pessoas saíram do show e eles acabaram tendo pouca supervisão. Isso ajudou na liberdade de roteiro.
"Becca, Alwyn e eu trabalhamos no material que tínhamos, a temporada 28 já estava roteirizada nessa etapa, e conduzimos a série para ser o tipo de Power Rangers que estávamos mais interessados. Nós diminuímos a palhaçada na edição, inserimos mais material de ligação entre os episódios e mudamos o tom para que as ameaças parecessem mais altas", finalizou Bennett.
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