Austin St. John visitou o Brasil na semana passada durante a Comic Con Experience e participou de um painel repleto de nostalgia e curiosidades sobre os bastidores da série.
Abaixo você confere as perguntas que foram feitas por Bruno (Omelete) durante o painel que durou cerca de quarenta minutos e ainda contou com a participação dos fãs. Caso reproduza a nossa tradução, por favor mantenha os créditos.
Foto: Mega Power Brasil |
Omelete: Como você entrou na série?
Eu nem era um ator, obviamente, mas eu era um adolescente com garra e tinha habilidades nas artes marciais. No começo eu não queria ir ao teste, era uma audição aberta ao público, qualquer pessoa poderia comparecer e por três semanas eu não fui. Um amigo insistiu e eu continuei não indo, até que ele apostou 20 dólares comigo que eu não perderia meu tempo, e eu perdi esses 20 dólares e aqui estou eu hoje.
Quando eu fui para o teste eu não sabia do que se tratava a série, o nome era outro. Depois eles disseram que iria se chamar Dino Rangers e nossas faces iriam se deformar e se transformar em dinossauros. Até que eles chegaram em Power Rangers e nós ainda não tínhamos ideia sobre como a série iria se desenrolar, pois toda a parte de transformação com os trajes eram metragens japonesas, só depois fomos ver o resultado e como o público tinha gostado e cá estamos.
Como foi descobrir que Power Rangers era um hit?
No primeiro ano nós trabalhávamos seis dias por semana no set por 12h ou 18h por dia além de dublar as cenas japonesas no sétimo dia. Só no oitavo ou nono mês que nosso produtor disse que nossa série era a primeira do mundo da maneira mais informal do mundo e saiu. Eu estava sentado do lado do Walter Jones e nos olhamos sem saber se aquilo tinha acontecido mesmo.
Só em 1994 quando fomos na Universal Studios fazer uma performance de artes marciais e dias antes do show já tinham filas de pessoas acampando na porta e os produtores pensaram "eita". E um show para mil pessoas acabou se transformando em 5 shows no maior anfiteatro da Universal, nós batemos o record de lotação, algo que nunca tinha acontecido, nos sentimos estrelas do rock. Foi o único evento ao vivo que fizemos todos juntos.
Para a temporada dois nós voltamos logo após um intervalo pequeno de tempo e eu disse que sairia da série se os produtores não começassem a cuidar melhor dos atores, pois nós trabalhávamos 18 horas por dia e recebíamos menos que uma pessoa que trabalhava no Mc Donalds, sem brincadeira. Eu queria literalmente brigar com o dono bilionário da empresa, mas resolvi correr atrás dos meus direitos e acabei ganhando.
A maioria das séries tem poucos episódios, a nossa teve 60. Após 40 episódios gravados, quando resolveram extender a produção, as cenas de luta começaram a ser gravadas nos EUA.
Quando eu fiz o teste para a série só queriam saber se eu sabia lutar e me pediam para mostrar meu karatê, mas eu dizia: Eu não luto karatê. E eles pareciam não entender que martes marciais vão além do karatê, então eu mostrei vários golpes e piruetas e eles se convenceram. Nessa época eu tinha 17 anos e já praticava artes marciais desde os 5 anos de idade.
Quando eu voltei em Zeo foi como reencontrar uma família. Não importa qual temporada é, você sempre será parte dessa família, mesmo que alguém não goste um do outro, você tem respeito pelas situações que passaram juntos. E é assim que os novos Rangers são. Foi legal voltar como um sexto membro, eu gostei bastante de ser o cara que chegava e resolvia o problema quando os cinco estavam levando uma surra.
Foto: Mega Power Brasil |
O ator também aproveitou para contar de uma situação engraçada durante as gravações onde Walter Jones (Zack) se tornou amigo de uma aranha de verdade e como foi voltar a atuar em "Eternamente Vermelho". Na época Jason estava mais maduro e Austin teve a liberdade de atuar e representar o personagem com mais liderança, dando boas vindas ao Ranger Vermelho de Força Animal, o novato e prestando respeito aos outros Rangers Vermelhos e principalmente ao Tommy que foi seu companheiro de equipe.
Austin também ficou afastado durante um bom tempo de Power Rangers e dos holofotes. O astro ficou cerca de um mês dormindo na rua com o seu Jeep e seu cachorro e escolheu não voltar para a série por orgulho. Começou a ensinar artes marciais e com isso concluiu o ensino médio e conseguiu sua graduação como paramédico indo então trabalhar para os bombeiros. Depois foi servir no Oriente Médio na guerra exercendo várias atividades e foi para a reserva como Capitão Comandante de Operações.
"Quando eu estava para voltar o Oriente Médio, recebi uma ligação do Walter Jones e ele me contou sobre as Comic Cons. Eu nem sabia o que eram essas convenções e nem que os fãs da série estavam crescidos e ainda acompanhavam e queriam conhecer os atores, queriam me conhecer. Eu não fazia ideia do quanto nós tínhamos influenciado e tocado essas pessoas. E eu agradeço ao Walter Jones por ter conversado comigo sobre isso e ter me trazido de volta para ter esse contato com os fãs que já compartilharam comigo histórias tocantes e hilárias", comentou o ator.
Foto: Mega Power Brasil |
Fãs: Porque paramédico?
A Família toda trabalhava no serviço público e isso traz um certo nível de humildade, o que para mim é importante nas artes marciais. Eu estava trabalhando como garçom em bares para pagar a faculdade e um colega me apresentou aos bombeiros dizendo que eu era maluco suficiente para fazer o trabalho. Eu fui e gostei, mas comecei a observar a equipe de médicos que sempre entrava em cena e todos saíam da frente para que eles pudesse salvar as pessoas, descobri que se chamavam paramédicos e me interessei pela profissão. Gosto de treinar com alto padrão e não padrão mais alto do que ter compaixão pelas vidas das pessoas, então corri atrás da minha formação como paramédico.
Fãs: Você assiste as temporadas novas e acha que em alguns anos outra geração estará vendo outro Ranger Vermelho aqui?
Eu não sabia que tinham 10 ou 11 Rangers Vermelhos quando fui participar de "Eternamente Vermelho", pensei que tinham no máximo uns 3. Quando me contaram eu perguntei: Vocês estão matando Rangers Vermelhos? Por que tem tantos? Eu fiz 100 episódios, por que esses caras só tem 30 ou 20?
Mas eu acredito que sim, o show nunca vai morrer, porque são vocês que mantem ele vivo. Em 30 anos será como Star Trek e Star Wars são hoje, porque vai ser passado de pai para filho nas suas famílias e vai chegar longe. Se o peso da nova equipe é o mesmo que o da equipe original, vocês que tem que decidir, pois nós somos da mesma família e tenho respeito por todos eles.
Fãs: Como você se sente sendo o primeiro líder?
Para muitos países eu sou considerado o primeiro líder e isso me deixa muito feliz, mas não posso deixar de dar o crédito para os primeiros líderes vermelhos do Japão que foram meus precursores. Mas ser o primeiro líder para muitas pessoas no mundo inteiro tem um peso e eu tentei, mesmo depois de sair da série, manter as expectativas. Eu fui um super-herói na TV, meus pais, meu irmão, meus avós foram heróis em suas profissões, existia uma cobrança para que eu superasse essas expectativas e encontrasse meu lugar e isso acabou influenciando na minha escolha para ser um paramédico também. Então isso me afetou incrivelmente.
Fãs: O que achou do filme de 2017?
A Rita era bonita demais! Se fosse o meu Jason ele teria ido para o lado errado! Mas os efeitos especiais foram incríveis e nunca poderíamos ter feito algo do tipo na série de TV nos anos 90. Eu gostei dos zords, mas por que o mastodonte tinha SEIS pernas? Ele virou uma barata? Eu achei isso insano. Mas eu também queria que eles fossem maiores! Quando o meu T-Rex era chamado, o Empire State ficava pequeno, e o T-Rex do filme era pouco maior que um prédio de três andares! O meu era maior!
Perto de encerrar o painel um fã aproveitou para perguntar sobre qual o foi momento mais tocante da da história do ator e ele comentou. "Uma das histórias mais tocantes que me contaram, foi um rapaz que chegou até mim em uma convenção chorando e tremendo, até demorando um pouco para começar a falar. Ele me contou que a família dele era muito pobre e uma das coisas favoritas que ele fazia junto com o pai era assistir Power Rangers e o personagem favorito deles era o Jason. Eles assistiram juntos por seis meses e se aproximaram muito por causa da série, e eu estava achando legal, mas sabia que teria uma reviravolta na história. Depois desses 6 meses o pai dele faleceu e a última coisa que ele ganhou do pai de presente foi um boneco do Ranger Vermelho. E no funeral do pai, no momento do velório com o caixão aberto, ele colocou o boneco do Jason ao lado do pai, para que ele fosse corajoso como o personagem. Isso é emocionante."
Austin St. John ainda esteve presente os outros dias do evento para tirar fotos com os fãs e dar autógrafos. E o Brasil agora espera de braços abertos o seu retorno.
2 Comentários
Como eu queria ter ido. Espero conseguir ir na próxima Comic Con e que tenha a presença de outros rangers também.
ResponderExcluirAustin St. John conquistou o coração de todos na CCXP, um exemplo de humildade e simpatia, que poderia ser imitado por algumas celebridades que compareceram ao evento ou que tenham por hábito tratatem os fãs com distanciamento e arrogância. O painel foi incrível, a história de vida dele é de fazer refletir bastante e o carinho dele com os fãs, impressionante. Espero que ele volte mais vezes.
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